sábado, 15 de dezembro de 2012

III Encontro do Curso de Adoção

Olá amigos!

O meu curso já terminou, mas eu vou contar como foi em 2 post pois é muito assunto, e fica muito cansativo para quem lê e para quem escreve também, apesar de eu ser um pouco compulsiva quando começo a contar uma história...

Mas vamos lá!
o III Encontro foi dia 27 de novembro, e tinha como palestrante a Psicóloga Jaqueline Klein Simionato e as Assistentes Social Francine Coimbra e Pricila Moreira

Inciamos a noite com a Francine explicando sobre os procedimentos de habilitação dos pretendentes e o cadastro de adoção, onde ela falou da parte burocática que já fizemos com a papelada com a qual demos entrada no Fórum.


Levantou muitos pontos interessantes, que não quero nunca esquecer, pois com eles é que nosso filho(a) vai ser encaminhado a nós,  vou elencar os que achei mais marcantes:
* A prioridade é sempre o interesse e o bem estar da criança, então a adoção parte da criança para os inscritos, assim quem está na frente na fila não necessariamente vai adotar primeiro, pois determinado casal que está em primeiro lugar pode não ter o perfil da criança a ser adotada e o perfil do casal é composto pela avaliação psicossocial, feito com a visita da assistente social e entrevista (que já passamos) e avaliação psicológica (que estamos fazendo e vou contar mais detalhes em outro post).
Desta forma, a adoção deve priorizar as reais necessidades, interesses e direitos da criança/adolescente;

* A adoção jurídica não garante a adoção amorosa entre pais e filhos... Eu resolvi apontar este item no blog pois muitas pessoas pensam que após adotar o "problema" da família está resolvido e a vida segue no mar de rosas, e na verdade não é assim, pois de certa forma adotar é "parir" um filho sem a gestação, não sei se estou sendo clara em minha colocação, o que quero explicar é que mesmo desejando profundamente esta criança, os laços de amor e amizade não nascem num piscar de olhos, é claro que tem a empatia e a emoção do momento de receber a criança em casa, mas a relação de amizade, amor e cumplicidade de pais e filhos vai se construindo com o passar dos dias e da convivência, conhecimento um do outro e das pequenas coisas do dia a dia, como ver a criança comer, dormir, sorrir, brincar, chorar, teimar, fazer balda também! Assim como a criança vai aprender a nos reconhecer e amar como pais conforme for se desenrolando nossa relação na vivencia do dia a dia. Temos isso claro em nossas mentes, sempre penso nessa criança com muito carinho e imagino ela aqui em casa e as coisas que gostaria de fazer com ela e o Paulinho, mas na verdade isso são planos e sonhos meus e não necessariamente poderão se tornar realidade dadas as necessidades reais da criança.
Então minha gente, falando o português, o "negócio vai ser no tranco mesmo" rs.

* As adoções legais em Santa Catarina seguem dois cadastros: 
2 - Cadastro Nacional de Adoção.

Assistente Social Francine

É bem complicado o sistema, mas vou tentar explicar em poucas palavras.
Ocorre que antes de 2005, os pretendentes podiam fazer inscrição em várias Comarcas do país e com a implantação do CUIDA (para entender é bom clicar no link) tanto pretendentes quanto crianças e adolescentes passaram a configurar este cadastro com todas as informações e que tem como objetivo agilizar os procedimentos relativos ao encaminhamento de crianças e adolescentes abrigados e destituídos do poder familiar para adoção em as famílias substitutas.
Assim, a inscrição dos pretendentes será feita unicamente na Comarca em que residem;
Uma vez deferida a habilitação, os pretendentes passam a integrar o cadastro estadual, concorrendo (palavra horrível...) a adoção em todas as Comarcas do Estado.

* Tem uns termos jurídicos que é muito bom saber e entender:
GUARDA - obriga a assistência material, moral e educacional da criança, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais biológicos.
TUTELA - pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar (como as crianças e adolescentes abrigados, quando não destituídos, estão sob a tutela do Estado).
ADOÇÃO - atribui a condição de filho com os mesmos direitos e deveres como qualquer outra criança, desligando-a do vínculo dos pais e parentes biológicos.

Podem adotar os maiores de 21 anos e o adotante tem que ter no mínimo 16 anos a mais que o adotado. Pais divorciados ou separados podem adotar conjuntamente.
Não podem adotar os ascendentes (avós) ou os irmãos do adotando.

Alguém perguntou a Francine, o que acontece com os abrigados que chegam aos 18 anos, e ela respondeu que em nossa Comarca ainda não aconteceu esta situação mas que os adolescentes são preparados desde os 14 anos em cursos profissionalizantes para entrarem no mercado de trabalho após a idade limite de acolhimento e assim poderem trabalhar e se sustentar sozinhos.

Fiquei alarmada com uns números que nos foram passados...
Em Santa Catarina tem em torno de 1600 crianças e adolescentes acolhidos ou abrigados e aproximadamente 3000 habilitados para adoção... E eu nem estou nesta estatística ainda...


Tivemos uma surpresa deliciosa! A colega de curso Cristiane Vargas levou essas delícias para gente comer no intervalo!

Muito obrigada amiga pelo carinho!

Eu comendo!!!!!

Peguei o Paulinho na tampa hehe ele nunca diz que come...

Jaqueline² - eu e a Jaqueline psicologa, pessoa maravilhosa!

Da esquerda para direita, Francine, Jaqueline, Pricila e Fran

Mas voltando ao meu longo post...

Depois da folga e comilança, voltamos com tudo com a Assistente Social Pricila Moreira e ela iniciou falando sobre o Estágio de Convivência.
Principais pontos:
* O tempo de estágio é fixado pelo juiz;
* É para adaptação da criança, pois a família já deve estar preparada para receber o adotando (estamos trabalhando muito nesta parte!);

* A criança costuma apresentar neste período determinados comportamentos, que são de certa forma esperados, pois ela está se adaptando a uma nova realidade, Pricila citou: Comportamento Regressivo (na tentativa de resgatar seu desenvolvimento incompleto e de construir relação com seus novos pais); Agressividade (a criança pode bater, gritar, xingar. Os pais devem por limites e regras); Querer aproveitar tudo ao mesmo tempo como se a vida fosse terminar em poucos minutos (eu entendi essa como o medo da criança que a nova família a despreze e o medo do retorno ao abrigo); Estar preparada para ouvir "tu não é minha mãe" ou "quero voltar para o abrigo" (isso vai doer, mas estamos nos preparando para isso também, já que outros tiveram esta experiência, não vou crer que passarei pelo estágio de convivência como um mar de rosas, mas pensando bem, podeira ser rosas mesmo, afinal elas mesmo sendo tão belas e perfumadas tem espinhos).

* Os laços de sangue não são os mais fortes, se assim fossem não haveriam filhos biológicos abandonados...

* As vezes as crianças não gostam da visita da Assistente Social no estágio de convivência (pois elas em muitas vezes são as pessoas que fazem a destituição familiar e o acompanhamento no abrigo);

* Agressividade em particular com a mãe adotiva;

* Ter fome ou frio ou qualquer outra necessidade física e ter vergonha de falar (no abrigo as crianças não abrem as geladeiras e armários e pegam o que querem comer ou vestir por exemplo);

* Preconceito Social (família ou amigos que ficam contando histórias negativas a respeito da adoção ou isolamento da família que adotou);

* Criança criar vínculo primeiro com o pai e depois com a mãe (por causa da rejeição, apesar que eu penso que isso depende da história da criança, pois na verdade foi abandonada pelos dois...);

* Aquisição de novos hábitos (dificuldade de adaptação);

* Criança imatura para algumas coisas e madura demais para outras (ex. não sabe os nomes das cores mas tem sexualidade aflorada);

* Investimento afetivo e financeiro (o momento que recebermos a ligação da Assistente Social é o mais adequado para adotarmos? Como eu quero mais que tudo essa possibilidade nem me passa pela cabeça, mas já que foi citado eu tomei nota...)

A psicóloga Jaqueline passou um vídeo de uma música que nunca tinha ouvido e que achei maravilhosa, é de 
olhar até cansar, mostra o lado da criança, pois até agora sempre falei em mim e no Paulinho e não tinha colocado ainda a situação desta criança que tanto queremos e esperamos.
O meu coração balançou e uma lagriminha teimou em sair no cantinho do meu olho, não sou dada a choros (mesmo as vezes precisando muito chorar, não choro), mas não resisti a esta linda canção.




Eu poderia escrever muitas outras coisas, mas como a música Acolher da Elizabete Lacerda é perfeita, não vou estragar a reflexão com mais falatórios...
Beijos e fique com Deus!

Nenhum comentário: