Dia 15 de março faremos 10 anos de casados...
Faltam 6 meses para esta data tão significativa em nossas vidas...
Lembro que há 10 anos atrás, por esta época, já estávamos planejando o casamento, eu bordava lindas toalhas de banho, crochê nos panos de prato, mobília da casa, lista de convidados, local para a festa, decorador.......
Aff, eram tantas coisas para fazer num tempo tão curto!!!
Tantos planos e sonhos imaginados para esta nova etapa de nossas vidas, pois seríamos um casal e formaríamos a nossa família, eu ia deixar de ser somente filha e passaria a esposa.
A dona da casa!
Quando estávamos nessa faze pré-casamento, haviam inúmeros planos, alguns fáceis, outros difíceis (pela avaliação feita por nós na época), e sonhos, muitos sonhos.....
Ah os sonhos........
Eu já era professora e estava na faculdade, assim como o Paulinho, eu fazendo o curso de Pedagogia e ele Artes Visuais, na época era um dos sonhos terminar a faculdade, os dois....
Hoje eu penso que eramos malucos, pois dois professores ACTs, morando de aluguel e a mais de 100 Km da Universidade...
Penso "que loucura" e dou sábios conselhos a todos que estão estudando: "termina a faculdade antes de casar....."
Não digo por mau. Só que um casal fazer faculdade, sem financiamento estudantil, morando de aluguel e com salário de professor, hoje ao meu ver é pura loucura...
Só por amor mesmo, amor ao marido e a profissão. Muitas vezes nos 6 anos de faculdade ficamos sem energia elétrica, sem comida em casa, vivia com roupa doada (até as calcinhas do enxoval ficaram velhas...), dando aula em 4 ou 5 escolas sem ter nem uma bicicleta...
Vencemos a faculdade!!!
Hoje...
Ambos formados, eu já sou funcionária pública estável e pós graduada e ele é formado, quase pós graduado e está se preparando para o concurso de ingresso 2012 do Magistério Público de SC.
Este sonho, dos dois serem funcionários públicos estáveis, já está quase realizado, pois como já sou, é 50% do que queríamos.
Conquista da casa própria!!!
Um dos maiores sonhos, e que já conquistamos, foi a compra da nossa casa em setembro de 2009, é claro que foi pela Caixa para pagar em 20 anos, mas com essa aquisição, saímos do aluguel (que era mais que o dobro do valor da parcela do meu financiamento) e do apartamento e finalmente podemos ter cadelas em casa (nossas atuais "filhas").
Nossa casa é muito legal, até grande só para nós dois e duas cadelas, tem algumas coisas que queremos fazer, como calçada (nosso bairro as casas não tem calçadas, os pátios são separados por uma mureta e temos lindos gramados, pois quando o bairro foi planejado, era para ser um condomínio e a construtora faliu, então o padrão é sem calçada e sem cerca), terminar de fechar com tela nosso pátio (não pode ser muro de acordo com a associação de moradores) o fundo já fechamos, mas ficou um espaço pequeno para duas cadelas e um cachorro, queremos fazer um banheiro com banheira no nosso quarto e uma garagem para o carro (a casa tem garagem, mas antes do carro eu tinha instalado uma linda sala de jantar com churrasqueira e quero de volta).
Não precisamos de mais quartos pois a casa já possui 3 e isso é mais que suficiente.
Eu acho a casa grande (quer ver mesmo quando vem uma nova faxineira e me dá o orçamento do serviço, ou quando eu mesma tenho que faxinar nos fins de semana...), então não temos planos de ampliar, assim como é está perfeito.
Ah! Saímos da cidade!!! Moramos na praia, escolhemos a casa 1km longe do mar por causa da maresia, mas dormimos todas as noites com o barulho das ondas, hoje particularmente o mar está bastante barulhento.
Quando casamos achávamos que o mais difícil que faríamos era comprar a casa, no final foi o mais fácil, pois difícil mesmo foi bancar a Universidade depois da UNESC nos sugando a vida, pagar a prestação da casa é moleza...
Outro sonho...
Ter um carro.
Coisa simples, mas que para nós foi uma conquista enorme e uma grande tristeza logo em seguida, pois compramos um UNO 1994 (detalhe, no ano de 2010), financiado em 60x. Um carro velho assim, segundo o sujeito da seguradora, não vale nem a pena fazer seguro... Saí toda envergonhada da seguradora e fui tranquilamente trabalhar com meu carrinho velho...
No dia em que fui pagar a primeira parcela, roubaram meu carro.......
Foi dia 28 de fevereiro de 2010.
O Paulinho surtou, passei maus momentos por causa desse carro, nem gosto de lembrar dos meses após o roubo, pois ele saia cedo e chegava tarde todos os dias correndo em todo lugar onde diziam que havia um desmanche de carros. Ele adoeceu por conta disso e temos que estar vigilantes até hoje por causa da depressão que pegou ele por causa do roubo, ele encarou a violência de uma forma diferente de mim, afinal eu vivi quase 21 anos em Canoas RS, uma cidade grande e violenta e ele veio de Mondaí do interior de SC, onde a família vivia da agricultura. Além do mais eu analisei, que na minha lista de perdas, o carro não é nada comparado com o fato que perdi de ser mãe biológica de meus futuros filhos, então superei a perda do carro mais facilmente que ele.
Em novembro de 2010 dei uma de louca e fui num feirão de carros da Renault e comprei um Clio, financiado em 60x, mas desta vez o carro não saiu da loja sem ter o seguro.
Então, atualmente estou pagando dois carros, o meu e o do ladrão...
Ah, esqueci de mencionar que o Paulinho não sabe dirigir e todas as vezes que fui tentar ensiná-lo acabou em briga (eu brigando sozinha e ele rindo da minha cara...). Definitivamente não tenho paciência e nem nervos de aço para ensiná-lo.
O mais engraçado disso é que eu tinha paciência para ensinar 200x se fosse necessário, a mesma coisa para um aluno e sou incapaz de ensinar o marido a dirigir.
No final das contas, eu ando de carro até a minha escola que fica pertinho de casa e o coitado de carona até as escolas dele, que este ano ficam longe de casa (ele ainda é ACT...)
Muitos sonhos malucos!!!
Queremos viajar, conhecer a Grécia, Roma, Machu Picchu, fazer o caminho de Santiago de Compostela, fazer muitos cruzeiros marítimos, nos perder na folia do carnaval de Salvador, desfilar numa escola de samba carioca, construir um ateliê com forno para queima de cerâmica (para o Paulinho fazer as artes dele), ir no Cirque du Solei, ver os Stones, Apocalyptica e Roger Waters tocar (infelizmente o Raul Seixas e a Elis já morreram)...
Vamos fazer essas coisas um dia, talvez quando nos aposentarmos, talvez quando eu termine de pagar os dois carros (vai muita grana pagar 2 carros ao mesmo tempo...), mas sei que faremos e no tempo perfeito de Deus e das nossas vidas.
A minha música de entrada no casamento foi Fascinação da Elis.....
A dele foi uma do Nirvana que eu adoro e que não lembro o nome tocada pelo Apocalyptica...
Uma curiosidade...
Eu tive conjuntivite na véspera do casamento......
Todo mundo na escola pegou, e a noiva não podia ser diferente, é claro.
Casamos no civil na sexta e no religioso no sábado e na quinta anterior ao casamento, quando eu já tinha levado toda minha mudança para casa nova eu acordei pela manhã com os olhos colados de tanta inflamação, lembro que gritei para minha mãe: "Mãããeeee estou cegaaaaaaa"
Tadinha da minha mãe... Desgrudou meus olhos com um algodão e água com açúcar e quando eu finalmente me olhei no espelho a choradeira começou, eu estava totalmente inchada e com os olhos esbugalhados.
Quanto mais eu chorava, pior ficava.
Os parentes vindo do RS pro casamento e a noiva descabelada chorando como se fosse um velório...
Passei tudo que me ensinaram nos olhos, até xixi, e no final, não sei se foram as rezas da mãe, as simpatias dos parentes, água boricada, água de rosas brancas, óleo de tubarão, xixi ou outras coisas que tentei ou o tempo mesmo, no sábado, no meu grande dia, o inchaço havia diminuído e fiquei somente com os olhos vermelhos, nas fotos que ainda não eram digitais (ui mais foi antigo isso) quase não aparece o vermelho nos olhos.
O Paulinho já tinha visto numa ótica óculos coloridos para usarmos na cerimônia (a minha conjuntivite foi a mais forte da escola toda, é claro)
Nosso casamento foi na rua, a noite, na beira de um lago, com uma lua maravilhosa como testemunha!
Como a família do Paulinho é Batista, o Pastor Siel concordou em nos casar (no restaurante e na rua!!!!), ele deu um lindo discurso sobre uma parábola que faltou o vinho no casamento e que Jesus providenciou o vinho que faltava e que nós deveríamos todos os dias provar deste vinho para alimentar nossa união e fortalecer e frutificar o bom fruto.
Os frutos.......
Eu nem no meu pior sonho imaginava que nunca poderia engravidar...
Na época da faculdade, quando estávamos totalmente falidos, sem dinheiro nem para comprar um pão no mercado, muitas vezes eu disse: "Deus me livre engravidar"...
Ah meu Deus, quanto arrependimento destas palavras...
Como diz o ditado, "os anjos disseram amém" e eu me descobri estéril aos 28 anos (não tinha terminado ainda a bendita faculdade) e meu mundo caiu, foi sem dúvida nenhuma a pior coisa que já me aconteceu na vida.
E olha que eu já tive uns maus momentos (acidentes de carro, doença na família, brigas de parentes e outras coisas que hoje não me importam).
Nada dói tanto em mim como o meu coração por causa das insanidades que eu dizia...
Uma vez, uma das muitas que faltou a menstruação, disse que se tivesse grávida me jogaria da torre da igreja, que na época era o prédio mais alto da cidade. Em outra ocasião disse que daria o filho para uma amiga que também não engravida...
Mas eu dizia essas bobagens pois eu não queria que meu filho sofresse com a falta de dinheiro que nós vivíamos, se o filho tivesse vindo naquela época, teria trancado a faculdade e sei lá o que seria da gente hoje, dos nossos sonhos...
Eu coloquei na época os sonhos em primeiro lugar...
Eles não eram mais importantes, hoje eu sei disso.
Agora é tarde demais...
O Paulinho absorveu a noticia muito mais facilmente que eu, ele diz que se sente plenamente feliz com um filho adotado.
Mas eu, sempre que sonhei a minha família, tinha um filho adotado (ele sempre existiu na minha imaginação, por incrível que pareça) mas ele viria depois que eu tivesse meus bebês, gorduchos e bem chorões, como os que eu cuidava numa creche que trabalhei.
Eu queria ver a minha barriga crescer, sentir o filho dentro de mim pulando e chutando, ter enormes estrias na barriga, sentir todos meus ossos da bacia se abrindo para dar passagem ao bebê no parto natural.
Era isso que eu tinha sonhado para nossa família há 10 anos atrás, que depois da estabilidade financeira e dos bens adquiridos, os filhos viriam naturalmente, como acontece com todo mundo.
Eu vejo o filho da minha irmã, meu afilhado, que tem um ano e quatro meses e imagino como eu faria se ele fosse meu, vejo a minha mãe com ele, o quanto ela ficou mais feliz desde que ele nasceu, as novidades que a mãe sempre tem pra contar que o querido (chamamos ele de querido sempre) fez, a nova brincadeira, a nova arte, tudo eu vejo e imagino como seria comigo, já que nos meus planos o meu filho(a) viria por esta época, "lá por uns 10 anos de casados..."
Eu tenho que aceitar que sou diferente, estéril, mas não seca de coração, tenho que me adaptar a uma fila de adoção que não anda na velocidade desejada, ter muita paciência com a grande burocracia que envolve o processo e me preparar para o que o futuro nos reserva e para receber essa criança que não sabemos de onde vem, nem com que idade virá para ser nosso filho(a).
Enquanto isso não acontece, estamos sós...